Vídeos nas redes sociais mostram milhares de iranianos marchando em direção ao cemitério onde Mahsa Amini está enterrada. Multidão marcha em direção a cemitério onde foi enterrada Mahsa Amini, no Irã
Testemunhas afirmaram que policiais no Irã abriram fogo nesta quarta-feira (26) contra centenas de manifestantes em Saqez, no Curdistão iraquiano.
O grupo participava de uma marcha com milhares de pessoas em homenagem aos 40 dias desde que a jovem Mahsa Amini, de 22 anos, morreu sob custódia policial após ser presa por “uso inadequado” do véu islâmico, obrigatório no país.
A morte de Amini desencadeou um movimento sem precedentes no Irã contra a repressão às mulheres e que passou a pedir a queda do regime de Ali Khamenei, o líder supremo do país. Os protestos já duram cinco semanas, e, nesta quarta, uma multidão marchou até o cemitério onde a jovem foi enterrada.
“A tropa de choque atirou em pessoas que se reuniram no cemitério para a cerimônia memorial de Mahsa… dezenas foram presas”, disse a testemunha à agência de notícias Reuters.
Já a mídia estatal do Irã alegou que os manifestantes que estavam no cemintário entraram em confronto com a tropa de choque.
Segundo a agência de notícias iraniana Isna, cerca de 10.000 pessoas se reuniram no cemitério. A internet no local, ainda segundo a agência, foi interrompida após os confrontos – ao longo das últimas semanas, há dezenas de relatos de cortes na internet em regiões com mais protestos, como a cidade natal de Amini.
Há relatos também de mulheres marchando sem o véu islâmico, em desafio ao governo – o país adota a Sharia, uma interpretação jurídica do Corão que estabelece normas para muçulmanos, como o uso de vestimentas específicas para mulheres. No Irã, a chamada polícia da moralidade – a que prendeu Mahsa Amini – é quem fiscaliza o cumprimento das normas.
Multidão marcha pela estrada que leva ao Cemitério de Aychi, onde Mahsa Amini está enterrada, perto de Saqez, no Irã, nesta captura de tela tirada de um vídeo de mídia social divulgado em 26 de outubro de 2022
Reprodução via Reuters
Nas redes sociais, manifestantes publicaram vídeos que mostram milhares de iranianos marchando em direção ao cemitério onde Amini está enterrada, apesar da forte presença da polícia de choque.
Além da cidade da jovem, ativistas convocaram protestos em todo o país para marcar os 40 dias de sua morte.
Protestos ocorreram também em várias universidades no Teerã e em outras partes do país. Um dos vídeos mostra estudantes usando o hijab – o tipo de véu islâmico cujo uso é obrigatório no país entre mulheres – na Universidade Alzahra, na capital iraniana, gritando: “Eu sou uma mulher livre, você é uma prostituta!”, em uma acusação de que são os homens, e não as mulheres, os imorais. (Veja vídeo abaixo)
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As manifestações desencadeadas pela morte da jovem de 22 anos enquanto estava sob custódia da polícia da moralidade do Irã em 16 de setembro se tornaram um dos maiores desafios à liderança clerical desde a revolução de 1979.
Desde então, milhões de iranianos saíram às ruas, com alguns pedindo a queda da República Islâmica e cantando “Morte ao (líder supremo aiatolá Ali) Khamenei”.
Uma testemunha disse à Reuters que “homens e mulheres se reuniram em torno do túmulo de Amini no cemitério de Aichi em Saqez, e cantaram músicas que viraram símbolos dos protestos. Outra testemunha em Saqez relatou que o cemitério estava cheio de membros da milícia Basij – de extremistas radicais – e da tropa de choque.
Temendo que o aniversário de 40 dias da morte de Amini alimentasse mais protestos violentos, a polícia alertou sua família para não realizar uma procissão, disseram grupos de direitos humanos.
No entanto, o governo do Curdistão negou qualquer limitação estatal para a realização de um serviço memorial, acrescentando que “foi decisão de sua família não realizar uma reunião”, segundo a mídia estatal.
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