Jogo desta sexta-feira (6), no estádio do Corinthians, faz parte de uma nova tentativa de expansão fora dos Estados Unidos; a primeira fracassou

A NFL (National Football League), a principal liga do futebol americano nos Estados Unidos, faz uma aposta ousada na terra do “soccer”, maneira como chamam nosso futebol por lá. Para isso, faz malabarismo com números e aposta em um efetivo crescimento do interesse pelo esporte em uma camada da população com grande poder aquisitivo.

O primeiro jogo da NFL na América do Sul, entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, nesta sexta-feira (6), às 21h15, no estádio do Corinthians, é a tentativa de ganhar terreno entre os fãs fora dos Estados Unidos. Não deixa de ser uma analogia de marketing com a lógica do próprio jogo, que é, basicamente, uma disputa por conquista de território.

A Effect Sport, agência de marketing que representa a NFL no Brasil, chuta bem para o alto os números do futebol americano por aqui. A empresa cita uma pesquisa em que cerca de 35 milhões de brasileiros se declaram fãs do esporte.

Definir o que é um fã é o ponto. Alguém pode dizer que é fã de música country americana e não ter baixado 30 músicas ou visto um show. A declaração espontânea não constitui um fã. No universo do marketing esportivo, fã é aquele torcedor que vive e consome avidamente um time, uma liga.

A realidade dos números de transmissão do Super Bowl no Brasil é um “tackle” (aquela trombada na qual os grandalhões jogadores de futebol americano interceptam os adversários) nos números da pesquisa. O Super Bowl é a final da principal liga profissional dos Estados Unidos, o evento mais assistido da TV no país, com audiência de mais de 100 milhões de pessoas.

A edição de 2024 foi transmitida para o Brasil na TV aberta, pela Rede TV, e na fechada, pela ESPN Brasil. A audiência na TV aberta foi de 0,2 ponto, o que representa pouco mais de 130 mil pessoas. Na ESPN Brasil, o número de espectadores foi de cerca de 140 mil. Somados os esforços, temos cerca de 280 mil pessoas. Um número que reforça a tese do exagero quando se fala em 35 milhões de fãs. Seria melhor chamar de interessados com tendência a virar fãs.

O futebol americano já tentou ganhar o mundo antes, com a criação da Liga Europeia da NFL, que durou de 2001 a 2017. A ideia é entrar no jogo pela audiência global, dado sucesso da Champions League, da Premier League e até da NBA, além dos eventos de impacto global, como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Para romper fronteiras, a NFL abriu escritórios no México, na Inglaterra, no Canadá, na Alemanha, na Austrália e na China.

O próximo passo é fincar pé no Brasil. Além do jogo de São Paulo, outros quatro da temporada serão disputados fora dos Estados Unidos: três na Inglaterra e um na Alemanha. Para 2025, o projeto é uma partida no estádio do Real Madrid, o Santiago Bernabeu, na Espanha.

Os números que a NFL tem em mãos justificam o ataque a novos mercados. Na última temporada, a compra de ingressos por fãs de fora dos Estados Unidos aumentou 41%. O número de ingressos vendidos para torcedores que não vivem nos EUA é de 8% – era de 4% uma temporada antes.

Para aprimorar o relacionamento com os fãs brasileiros, Eagles e Green Bay organizaram festas em São Paulo, com a temática do esporte. A ideia é reproduzir a atmosfera dos famosos bares esportivos dos Estados Unidos. Os contatos para o envio de convites foram gerenciados por fãs brasileiros que cuidam das contas de torcida das franquias no Brasil.

Esse universo é composto majoritariamente por pessoas de classe média alta e alta, com bom poder aquisitivo e que viaja com frequência para fora do Brasil. Uma curiosidade para quem está acostumado à rotina do futebol brasileiro é a questão da venda dos 47 mil ingressos para o jogo no estádio corintiano.

Por aqui, os clubes são os responsáveis pela venda dos ingressos e ficam com a arrecadação quando são mandantes. A venda dos ingressos para o jogo da NFL no Brasil foi tocada pela própria liga, e a arrecadação será dividida entre os 32 times que disputam a competição. Assim será em todos os jogos realizados fora dos Estados Unidos.

Os ingressos para o jogo em São Paulo foram vendidos entre R$ 285,00 e R$ 2.560,00. A final da Libertadores de 2023 teve preços entre R$ 260,00 e R$ 1.300,00. O preço médio mais alto dos ingressos para o Brasileirão de 2023 foi do Flamengo: R$ 81,12.

Fonte: CNN Brasil

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