Chefe do Oath Keepers e seguidor de Trump, Stewart Rhodes foi considerado culpado por tramar o ataque ao Capitólio Stewart Rhodes, fundador do grupo de milícia de cidadãos conhecido como Oath Keepers, fala durante uma manifestação fora da Casa Branca em Washington, em 25 de junho de 2017
Susan Walsh/AP
Os EUA testemunharam a condenação mais emblemática decorrente da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 por uma multidão de partidários do então presidente Donald Trump: Stewart Rhodes, líder do grupo de extrema direita Oath Keepers, foi considerado culpado por conspiração sediciosa, acusado de fomentar um movimento para usar a força e impedir a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden.
Para se ter uma ideia do que representa esta condenação por traição, ela foi proferida apenas 12 vezes – a última em 1995, quando um clérigo egípcio e nove seguidores foram sentenciados por conspirar para atacar pontos turísticos em Nova York. A acusação de conspiração sediciosa se baseia como tentativa de derrubar ou destruir pela força o governo dos EUA.
O julgamento do fundador do Oath Keepers e mais quatro réus foi vinculado a nove mortes, entre as quais suicídios de policiais. Cerca de 700 pessoas foram acusadas até agora pelo ataque à sede do Congresso americano. Kelly Meggs, outro dirigente da milícia, também foi considerado culpado pelo crime de conspiração sediciosa.
O fundador da milícia Oath Keepers, Stewart Rhodes, posa durante uma sessão de entrevista nos EUA
Jim Urquhart/File Photo/REUTERS
Rhodes, de 56 anos, é americano, advogado formado em Yale, que teve o registro profissional cassado. Sua passagem no Exército foi abortada por um acidente com uma arma, que o forçou a usar um tapa-olho na vista esquerda. Em 2009, fundou a milícia de extrema direita, formada em sua maioria por ex-militares e ex-policiais. Seu contingente varia entre 5 mil e 38 mil integrantes.
Em oito semanas, o julgamento destrinchou a ação de Rhodes e seus comparsas, mostrou que a retórica violenta foi o combustível inicial para a organização e o planejamento do ataque.
“Não vamos passar por isso sem uma guerra civil. Prepare a mente, o corpo e o espírito”, conclamou o chefe da milícia após o resultado eleitoral.
Advogados do movimento Oath Keepers concedem entrevista para jornalistas
Andrew Harnik/AP
Naquele dia fatídico para a democracia americana, ele não entrou no Capitólio e não estava entre a turba furiosa que avançou policiais, saqueou escritórios e vandalizou as instalações do Congresso. Mas, do lado de fora, atuou como o general do campo de batalha, conforme definiu o promotor Jeffrey Nestler.
Mensagens criptografadas, gravações e vídeos de vigilância ganharam destaque no julgamento para demonstrar minuciosamente como Rhodes incitou seus seguidores a agir e se preparar para o que chamou de rebelião armada.
As imagens exibiam integrantes do grupo escondendo armas num hotel da Virgínia, que seriam usadas para “uma reação rápida”. Num áudio, feito um dia após o ataque, Rhodes lamentou não ter levado rifles: “Deveríamos ter encerrado ali mesmo. Eu enforcaria (palavrão) Nancy Pelosi no poste de luz.”
O fundador da milícia Oath Keepers, Stewart Rhodes, posa utilizando rádio em 10 de outubro de 2019
Jim Urquhart/REUTERS
Em seu testemunho, o chefe do Oath Keepers se apresentou sob o manjado rótulo de patriota e contou que seu objetivo era fazer com que Trump invocasse a Lei da Insurreição e permanecesse no poder, respaldado por milícias privadas. Ele admitiu o contato com colaboradores próximos do ex-presidente.
Rhodes enfrenta uma sentença máxima de 60 anos por todos os crimes que cometeu, incluindo os 20 anos por conspiração sediciosa. A condenação abre caminho para veredictos similares em mais dois julgamentos, no próximo mês, contra cinco membros do Oath Keepers e líderes do Proud Boys – outro grupo incensado por Trump. Que sirva de lição para os que tentam, em qualquer lugar do planeta, impedir a transferência pacífica e legal do poder.
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