Ex-premiê é sustentado por partido extremista que defende deportação e pena de morte para palestinos, em troca de mudança na lei que lhe garanta imunidade em julgamentos por corrupção. O parlamentar da extrema direita de Israel Itamar Ben Gvir, após votar no assentamento judaico de Kiryat Arba, na Cisjordânia, em 1º de novembro de 2022.
Tsafrir Abayov/ AP
As urnas praticamente arremessam Benjamin Netanyahu de volta ao poder em Israel, mas a estrela da quinta eleição do país em quatro anos é o extremista de direita Itamar Ben-Gvir, do Sionismo Religioso.
O partido dobrou para 14 o número de assentos no Parlamento e tornou-se a terceira força política: fará do ex-premiê um refém para manter-se no cargo em troca de aprovar uma lei que o proteja dos três processos de corrupção no qual é julgado.
Discípulo do rabino extremista Meir Kahane, cujo partido Kach foi proscrito na década de 1990 e declarado grupo terrorista em Israel e nos EUA, Ben-Gvir sustenta uma coalizão liderada por Netanyahu, com outras legendas ultra ortodoxas e de extrema direita. Este bloco deve assegurar, segundo projeções, 65 das 120 cadeiras do Knesset, o Parlamento israelense.
Se emplacar, a aliança será a mais direitista a governar Israel e obrigará Netanyahu a adotar políticas linha-dura que põem uma pá de cal no projeto de paz com os palestinos.
Defensor do lobby da pena de morte e deportação de cidadãos palestinos “desleais” a Israel, aos 46 anos Ben-Gvir quer ser o ministro de Segurança Pública para ter o controle sobre a Esplanada das Mesquitas e liberar o local para os judeus, que também o consideram sagrado.
Conforme resumiu o escritor e analista político Anshel Pfeffer, em sua coluna no jornal “Haaretz”, é assustador para a limitada e frágil democracia de Israel que mais de 10% dos eleitores tenham votado num partido abertamente antiárabe, com representantes orgulhosamente homofóbicos.
Basta olhar a trajetória de Ben-Gvir, que soma condenações por incitação ao racismo, destruição de propriedade e apoio a organização terrorista. Adolescente, em 1995, ele roubou o emblema do carro do então premiê Yitzhak Rabin e exibiu-o para câmeras de TV: “Nós chegamos ao carro dele. Depois o pegaremos”, bradou. Semanas depois, o primeiro-ministro que firmou o acordo de paz com Yasser Arafat foi assassinado por um extremista judeu.
ELEIÇÕES EM ISRAEL: Como avanço da direita radical pode trazer Netanyahu de volta ao poder
O perfil radical fez com que o Exército não o recrutasse para cumprir o serviço militar. Onde há confrontos, é só procurar por Ben-Gvir e ele estará lá para marcar presença, como celebridade da extrema direita.
Nas últimas eleições, seu partido Poder Judeu se juntou à União Nacional, de outro radical, Bezalel Smotrich, para formar a chapa Sionismo Religioso, que conseguiu no ano passado, pela primeira vez desde a extinção do Kach, adentrar o Parlamento.
Como deputado, foi acusado pela polícia de insuflar a violência entre judeus e árabes em cidades mistas como Lod e Acre e montou um escritório no bairro de Sheikh Jarrah, no Leste de Jerusalém, para organizar o despejo de famílias palestinas.
A fragmentação política beneficiou Ben-Gvir, que amplia a sua chapa e consolida a presença no Knesset como o chamado “fazedor de reis”. Por enquanto, ele quer supervisionar a polícia e o Exército, para, no futuro, se bem-sucedido, almejar o cargo de primeiro-ministro do país. Ele foi saudado assim por seguidores após o triunfo eleitoral.
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