A construção de hotéis, um shopping center e uma arena de shows na área que atualmente abriga o Parque de Exposições de Salvador voltou a ser discutida por membros do governo do estado. Segundo informações obtidas pelo Bahia Notícias, a gestão estadual possui um “projeto pronto” para a construção do novo Centro de Convenções da capital baiana na região no bairro de Itapuã, incluindo, também, a incorporação de todo um complexo comercial no espaço.
De acordo com fontes da reportagem ligadas ao governo do estado, atualmente o projeto possui aprovação das secretarias responsáveis, mas aguarda a autorização do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Membros da gestão apontaram que o consentimento do petista deve ocorrer ainda no segundo semestre deste ano.
Após a possível autorização do governador, o próximo passo será a assinatura do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que será feito em parceria com uma empresa da iniciativa privada. Assim, ainda não há uma previsão exata para o início das obras para a adaptação do Parque de Exposições.
Um grupo empresarial, que já teria iniciado interlocução com o governo, chegou a demandar a construção de um complexo viário para nelhorar o acesso à região, conectando a Avenida Luiz Viana Filho ao bairro de Itapuã, para além das atuais vias. Esse pedido é uma das questões que está no debate e na mesa do governador, conforme fontes do Bahia Notícias.
Sobre a incorporação do complexo comercial na área além do Centro de Convenções, interlocutores apontaram que o projeto prevê a construção de hotéis de médio/alto padrão, que fariam uma integração com o shopping center o qual deve ser construído no local. Apesar das novas estruturas, a ideia é manter a capacidade de recebimentos de grandes shows, visto como parte “carente de Salvador”, e montar uma Arena para receber artistas renomados.
Segundo a Superintendência de Desenvolvimento Agrário (SDA), o Parque de Exposições possui uma área total de 450 mil m², o equivalente a cerca de 63 campos profissionais de futebol. Além disso, a SDA aponta que o espaço possui a capacidade atual de receber aproximadamente 100 mil pessoas por dia.
IDEIA RETOMADA
Em 2017, o então secretário de Turismo da Bahia (Setur-BA), José Alves contou ao Bahia Notícias sobre a intenção de construir um complexo comercial no Parque de Exposições de Salvador. A ideia, inclusive, também contava com a incorporação de um novo Centro de Convenções no espaço.
“O projeto atual que a gente está desenhando vai ter uma torre empresarial, torre de hotéis, o próprio centro, um shopping diferenciado, que não existe no Nordeste. Ainda vamos ter uma arena multiuso, que vai servir para arenas musicais, eventos empresariais. Um show de Paul McCartney não seria em um espaço aberto, mas nesse espaço, que é mais adequado. A gente tem que estar aberto ao novo, não pode ficar pensando no passado”, disse o ex-secretário ao BN em 2017.
A antiga proposta previa a construção do Centro de Convenções em uma área de 230 mil m². Para fins de comparação, o Centro da prefeitura de Salvador ocupa um espaço total de 103 mil m² de terreno, sendo 38 mil m² de área construída.
Na época, a estimativa total de investimentos girava em torno de R$ 400 milhões. Agora, levando em consideração apenas o antigo valor corrigido pela inflação, o mesmo projeto teria um custo de pelo menos R$ 600 milhões.
O ANTIGO CENTRO
O edifício, erguido em 1979 no bairro do Stiep, foi interditado em 2015 por falta de manutenção e estrutura de segurança — quatro anos mais tarde, parte da estrutura metálica desabou, ferindo três pessoas. Desde então, permanece em estado de deterioração, com ferrugem, rachaduras e servindo como rota para criminosos nas proximidades.
Após o desabamento de 23 de setembro de 2016, o governo baiano anunciou demolição, mas foi impedido pelo TRT que penhorou o imóvel como garantia de dívidas trabalhistas da Bahiatursa, avaliadas inicialmente em torno de R$ 50 milhões.
A penhora foi apenas retirada em meados de 2024, após acordo trabalhista que quitou a maior parte das dívidas, restando apenas um caso de herança, permitindo normalizar a situação judicial e viabilizar a venda do terreno.
Em janeiro de 2025, ao Metro1, a Casa Civil confirmou que os trâmites burocráticos, pendências em cartório e definição do modelo de licitação, seriam resolvidos ainda no primeiro semestre, possibilitando que o governo pudesse se desfazer do espaço. Todavia, não há atualizações sobre o cenário atual para a venda do imóvel.