Especialistas em mercado esportivo ouvidos pelo g1 também defendem mudança na legislação, que está em vigor desde 1996 e foi aprovada após briga entre torcedores. FIFA anuncia que Catar proibiu a venda de álcool dentro dos estádios
Na estreia da Copa do Catar, no domingo (20), uma imagem da arquibancada correu o mundo. Em dado momento, a torcida do Equador parou de gritar em apoio à sua seleção e passou a pedir: “Queremos cerveja!”
A cena aconteceu no estádio Al Bayt, mas poderia ter ocorrido na Arena Corinthians, em São Paulo. Seja no Catar ou em São Paulo, a combinação de cerveja e futebol, considerada por muitos como “clássica”, é proibida em estádios nesses locais.
O tema tem defensores de ambos os lados. A Federação Paulista de Futebol (FPF), por exemplo, informou, em nota, que apoia a liberação da venda de cerveja nos estádios paulistas.
Por outro lado, consultado se existe a intenção de rever a regra, o governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou ao g1 que “não há planos de mudar a legislação vigente”.
Jogo Equador x Catar, que abriu a Copa do Mundo de 2022
Amr Abdallah Dalsh/Reuters
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No país-sede atual do Mundial, a proibição tem a ver com a cultura muçulmana – pelas regras locais, é vetado o consumo desse tipo de bebida em lugares públicos. A dois dias do início da Copa, as autoridades do Catar restringiram ainda mais o acesso à bebida, e ninguém poderá comprá-la nos arredores das arenas; dentro delas, apenas quem estiver em camarotes terá o direito de consumi-la.
No Brasil, além de São Paulo, o Rio Grande do Sul também veta totalmente a venda de bebida alcoólica em arenas. Em outros estados, há regras quanto a horários de comercialização e quantidade liberada de consumo, por exemplo.
Em 2003, o Estatuto do Torcedor não proibiu diretamente bebidas alcoólicas em arenas, mas vetou o porte de “bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar atos de violência”, o que deixa o texto da lei aberto a diversas interpretações. Na Copa de 2014, foi aprovada, dentro da Lei Geral da Copa, a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios apenas durante o evento.
Em São Paulo, há 26 anos a venda foi proibida, pela Lei Estadual nº 9.470, de 1996, um ano depois de uma briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo no Pacaembu, na decisão da Supercopa São Paulo de Juniores.
Em junho de 2019, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) chegou a aprovar um projeto de lei do deputado Itamar Borges (MDB) que liberava a comercialização nos estádios, mas, um mês depois, a proposta foi vetada pelo então governador em exercício Rodrigo Garcia, hoje no comando do estado.
Esporte x outros eventos
Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do futebol, avalia que não faz mais sentido proibir. “No que diz respeito à segurança, as brigas que ganham o noticiário acontecem em estações de trem, Metrô, estradas, muitas vezes com hora marcada. Já os estádios estão cada vez mais seguros, têm monitoramento e poucos casos de confusão.”
Dentro do mercado esportivo, empresas como a GSH, responsável pelo setor de alimentos e bebidas do Allianz Parque, estádio em que o atual campeão brasileiro, o Palmeiras, manda seus jogos, a liberação de bebidas alcoólicas representaria um aumento de aproximadamente 30% do faturamento.
Segundo a GSH, a medida também teria reflexo direto na geração de empregos, com a contratação de mais atendentes, operadores de caixa e ambulantes, por exemplo.
Para Fábio Wolff, especialista em marketing e que atua com marcas junto a personagens esportivos, “é uma hipocrisia não poder vender bebida alcoólica dentro do estádio de futebol se o entorno do estádio é repleto de pontos de vendas com bebida alcoólica”. E emenda: “O que nós precisamos trabalhar é um consumo responsável e moderado da bebida alcoólica, seja no estado de São Paulo ou em qualquer outro estado onde, hoje, haja essa proibição”.
Wolff acredita que as empresas possam contribuir com o debate investindo na conscientização do consumo responsável. “Por exemplo, telão, locução dentro do estádio, um trabalho de conscientização ao redor do estádio, investimento em mídia para comunicar isso através dos meios de comunicação. Este é o papel da empresa, investir na conscientização das pessoas para que o consumo seja moderado.”
O executivo Renê Salviano, da agência Heatmap, que atende empresas que atuam em estádios, considera que a proibição ou não deve ser definida a partir do olhar do segmento do entretenimento como um todo e que não deve haver uma regra apenas para o futebol.
“Acredito que o entretenimento aqui no Brasil deve ser visto de uma forma ampla em todas as suas frentes, não podemos ter uma regra diferente para o futebol. É muito importante lembrar que o estádio é um ambiente frequentado por crianças e, a partir daí, entender como criar um formato onde tenha a bebida alcoólica como acontece em shows e não existir uma proibição total”, afirma.
E completa: “E do lado das marcas de cervejas que possuem interesse em fornecer e patrocinar as arenas, é preciso ser de fato um apoio recorrente no sentido de informar aos torcedores sobre os problemas do uso de bebidas em excesso, assim como as sanções e punições que o clube sofre com a conduta de seus torcedores”.
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